Amanha estara acontecendo a segunda edição da verdurada do DF. Mas antes disso quero voltar no tempo, meados de 90. Relembro aqui as primeiras verduradas que participei, ainda era na casa dos Krsnas em SP. Eram shows extremamentes intensos,com uma vibração muito positiva e publico predominantemente SxE. Com o tempo o pessoal da organização viu o bagulho tomar uma forma maior. Os shows que eram para 150/200 nego deu um salto para 600 cabeças, e tornaram-se uma alavanca para solidificar, na cena musical, nomes como Confronto, Point Of No Return, Constrito e muitos outros. Hoje o nome e conceito da verdurada está espalhado por várias cidades do país, agrupando inúmeros segmentos do cenario hardcore e até mesmo de outras cenas e segmentos da contra-cultura musical. É nitido que cada vez mais eles querem fazer disso um evento político/ético, e não um simples show. Otima percepção!! Aqui bem perto de nossa base, mais precisamente na cidade de Brasilia, capital nacional, já temos uma movimentação semelhante, e que desde a sua primeira edição rendeu bons frutos. Aproveitei e troquei umas palavrinhas com o pessoal da organização. Confiram abaixo o que eles me contaram:
01 - O que e quem está por tras da Verdurada-DF ? Como funciona a organizaçao do evento ?
O Coletivo V, que foi formado no ano passado com o intuito de difundir o veganismo. Promovemos banquinhas com alimentos diversos sem nenhum produto de origem animal nos shows, panfletamos sobre direitos dos animais e estamos com projetos de zine, grupo de estudos, mostra de filmes e palestras em diversos locais da cidade para divulgar as idéias do veganismo para comunidade.
Somos organizados de forma horizontal e totalmente DIY (faça-você-mesmo). Atualmente devemos estar em mais ou menos 15 pessoas, mas o coletivo é aberto a todxs aquelxs que queiram participar/ajudar.
02 - Qual foi a resposta da #1 ediçao e o que vcs esperam dessa #2 ?
A primeira edição superou todas as expectativas e tivemos um ótimo retorno e aceitação do público em geral.
Estamos muito ansiosos para essa segunda edição, muitas coisas dando errado de última hora, mas estamos conseguindo contornar e tudo vai dar certo no final.
03 - O que vcs pensam das pessoas que vao ao evento como se fosse um simples show de HC. Com qual mentalidade vcs acham que as pessoas devem frequentar a verdurada ?
Muitas pessoas vão a Verdurada pelo peso que esse nome já carrega, mas quanto mais pessoas forem esperando apenas um "simples show" melhor. Uma das principais intenções do Coletivo é divulgar essa idéia de DIY que um show de hardcore traz, não tem quem faça? Não concorda? Faça-você-mesmo!
Divulgar a questão da libertação animal e do quanto isso pode ser gratificante e alcansável no dia-a-dia, não queremos que o veganismo seja visto como extremista, é apenas você tentando agir de forma ética, sem que nenhum animal precise ser sacrificado para que seus desejos mais supérfluos sejam atingidos.
Na primeira edição o debate foi sobre "Mobilidade Urbana" e o diálogo evoluiu de tal forma que quando o tempo encerrou já estava em questões de gênero. Nessa segunda edição a palestra abordará gênero, racismo e privilégios. Ou seja, venha pra Verdurada de mente aberta para diálogar e absorver da melhor forma possvel idéias e opiniões diferentes.
04 - Como vcs escolhem as bandas? Bandas nao SxE ou ate mesmo nao vegetarianas/veganas podem participar das futuras edicoes?
Tentamos ter uma lista de bandas o mais diversicado possível. Por muito tempo a "cena" esteve muito fragmentada e isso vem mudando. Nossa intenção é chamar o máximo possível de pessoas diferentes e com pensamentos divergentes pra terem um espaço aberto de diálogo. O debate é fundamental.
O straightedge é uma questão pessoal - até mesmo dentro do Coletivo nem todxs são sxe - a única questão que exclui uma banda de tocar na Verdurada é a falta de respeito ao próximo. Assim como nas outras edições que acontecem no Brasil pedimos que não hajam bebidas ou cigarros no local, a Verdurada também é um convite para que as pessoas possam experimentar um evento diferente, desvinculando a idéia da diversão ter que estar ligada ao uso de drogas (lícitas ou não).
05 - Quais os objetivos ainda nao foram alcançados e que vcs esperam realizar no futuro ?
Acredito que o que ainda temos só como projeto como o zine, o grupo de estudos e as mostras de filme/palestras. Queremos atingir as pessoas que nunca nem pararam pra pensar sobre o que é a libertação animal e como ela pode ser feita de uma forma fácil.
Mostrar que é muito positivo organizar eventos de música (independente de ser hardcore / punk / sxepunk) que tenham uma "proposta a mais", que seja uma palestra, debate, exibição de videos etc...ou seja, consolidar a "cena" como um espaço que sirva a transferência, propagação, troca de idéias positivas, modos de resisitir e modos de libertar ! "(...)o hardcore não basta em si! tem de existir algo mais!"
E queremos deixar claro que a Verdurada DF não é um evento exclusivo para vegetarianxs/veganxs ou straight edges, é um espaço aberto a todxs que desejam trocar informações, experiências, curtir shows barulhentos, comer um rango gostoso sem crueldade, ver e participar de debates/oficinas de cunho crítico/reflexivo, entre outras mil possibilidades. Todxs estão convidaxs a somar!
Então é isso ai pessoal. Compareçam por lá pra ver as bandas, trocar uma palavrinha e ainda pegar um rango vegan 100% livre de crueldade.
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FODAA!! xLOST IN HATEx Teve a Honra de participar da primeira verdurada do DF. Foi algo muito significante para a banda e para a cena em Brasília, esperamos que a propagação desse evento e de eventos similares possam fazer a diferença não só na cena, mas em vários contestos pessoais e coletivos que possamos alcançar. O corre não para.
ResponderExcluirAmanhã tem mais.
Att,
Fábio Alexandre